Em Abril de 2014 deram-se
os mais sérios confrontos independentistas em Kharkiv desde o início
do escalar da tensão entre a Rússia e a Ucrânia.
Quando estava no meu
albergue em Kharkiv conheci um rapaz de Kiev, de língua materna
russa e completamente ucraniano, que me contou como é que isto se
passou. Dizia ele:
“ - Uma coisa é a
língua. A minha língua materna é o russo, mas eu também falo
ucraniano. Outra coisa é o meu país – A Ucrânia.”
Um certo dia de manhã
chegaram a Kharkiv umas 2000 pessoas vindas de outros pontos da
Ucrânia. O propósito era protestarem contra o sistema vigente e
revoltarem-se a favor de um governo pró-russo em Kharkiv.
Houve alguns protestos e
muitas pessoas reuniram-se num grande edifício no centro da cidade.
A situação na cidade esteve bastante tensa durante esse dia e
noite.
No dia seguinte, estes
manifestantes, vindos de longe, repararam que todos os seus líderes
haviam desaparecido. Assim ficaram sem sabem bem o que fazer, onde e
como protestar, e sobretudo a quem cobrar aqueles dias de “trabalho”.
Sendo assim acabaram por
se ir embora e a confusão acabou por se dissipar.
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Pelo que fiquei a saber o
que se passou foi o seguinte.
Kharkiv é uma cidade
relativamente grande, contudo a chegada de uns milhares de pessoas,
todos homens, com muito bom cabedal e cara de mau, dificilmente
poderia passar despercebida.
Kharkiv fica num canto da
Ucrânia e as estradas em muitos sítios são mesmo muito más, pelo
que é bem provável, que uma boa parte desta maralha tenha chegado
de comboio, passando assim pela estação dos comboios, que são
sempre pontos bem vigiados.
Além do mais, em Abril de
2014 já havia a experiência do que se estava a passar em Donetsk, e
o governo da Ucrânia estava atento ao que poderia acontecer em
outros pontos críticos do pais.
Mal os serviços mais ou
menos secretos da Ucrânia souberam da chegada destes manifestantes a
Kharkiv, enviaram imediatamente forças especiais para a cidade, as
quais chegaram a Kharkiv nessa mesma noite.
Durante a noite estes
prenderam 75 cabecilhas que estavam a organizar os protestos. E no
dia seguinte e todos aqueles
titushkas ficaram sem saber o que
fazer.
Depois deste incidente
houve alguns rebentamentos de bombas em Kharkiv mas sem causar
feridos graves ou mortos.
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Assim, graças à rápida
actuação dos serviços secretos ucranianos e das forças especiais,
esta revolução pró-russa não deu em nada e a cidade tem vivido
num clima de relativa calma. Se intervenção não tivesse sido tão
rápida e assertiva é bem possível que Kharkiv estivesse agora a
experiênciar um clima de devastação semelhante ao que se vive hoje
em dia nas regiões de Donetsk e Lugansk.